sexta-feira, 11 de abril de 2008

O gato comeu a cigarra.

Já vai fazer séculos, mas ontem ouvi uma cigarra cantando e me lembrou uma sinistra passagem, da época da minha Rep da faculdade.

Nós havíamos mudado, para o que na época era a casa dos nossos sonhos, no centro, em frenta a pizzaria mais charmosa da cidade ( não tínhamos dinheiro para comer nela, mas nosso passatempo predileto, era sentar na varanda , observar as mesas e adivinhar os sabores que eles estavam comendo.)
Enfim, uma casa térrea, bem diferente dos 3 apartamentos que morávamos anteriormente...liberdade.

Nessa época o nosso tríangulo estava abalado pela força dos 5 anos de convívio obrigatório, por peças de roupas roubadas, e namoros com pintos finos...então, fícavamos quase que o tempo todo somente eu e a Arentina, como neste dia.

Não me lembro ao certo, mas ocasionalmete, tínhamos por compania também a cannabis, coisa de estudante, e acho que este dia foi um destes.

Mas independente deste detalhe, tudo de fato ocorreu como trascrevo.

O gato, chamava Romeu, ou RRRRRomy, ou ás vezes Mi Cielo, como a portenha carinhosamente o apelidou.

Um vira-latas autêntico, pêlo branco e cinza, agora conhecido também como Brazilian short hair, tinha olhos de um amarelo que eu nunca mais ....

Achei ele pequenino, em baixo de um carro, todo sujo de graxa. Era dias dos namorados, então demos a ele o nome de Romeu.

Ele viveu sempre conosco em apartamentos, olhava suculento á vida da sacada abaixo, e depois que nos mudamos para uma casa, passava o dia fugindo da gente, e descobrindo como era boa a vida de uma gato livre...

Em uma das noites que estávamos só nós duas, ( ahh,e talvez quase com certeza a cannabis), e sei lá que assunto que leva á outro, e por fim alguma estória sinistra, que nos faz ficar olhando para todos os lados, sem querer admitir, mas já ficando com medo...

Eis que surge o Romeu, com os olhos maiores do que nunca, e mais amarelo do jamais havia sido....com um ar de espanto mas com contentamento....se coloca no canto da cozinha e nos encara sem se mover.

E um som chega junto com ele, algo difícil de descrever, como se estivesse preenchendo todo o ambiente, como se vibrasse, alto, sinistro...

Uma olha espantada para cara da outra, sem saber o que é isso, vamos de um lado á outro tentar saber de onde vem o som....e só piora, a hora quem percebemos que vem da boca do bichano..ele tem até que um certo sorriso, sarcástico, como se não conseguisse fechar os lábios, como se soubesse que idiotas nós éramos, como estávamos altas e com medo...com medo dele!

Parecia surreal, pois por um momento vimos que aquele som realmente vinha dele, que ele realmente nos olhava com sarcasmo, parecia que estávamos em um filme...como aquele gato poderia estar fazendo aquele som tão estridente? Como ele podia nos olhar como que sabendo do nosso medo? E aquele sorriso....o que significava, aquele sorriso?

Então, com um puta cagaço, fomos nos aproximando dele, e o som ficando mais alto, assim como nosso espanto....a boca dele, não se fechava, não porque ele sorria..mas porque tinha um a coisa dentro dela...parecida com uma pedra...aí o mistério se desfez.


Ele tinha, uma cigarra na boca, e ela fazia aquele som estrondoso, que na boca dele, só fazia acústica aumentar..e aqueles olhos amarelos esbugalhados, com um misto de sorriso sarcástico...e uma dose de cannabis...fez as duas trouxas quase se borrarem.

Um comentário:

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Agora eu não consigo definir. Durmo esposa, acordo mãe, saio de casa veterinária, dirijo roqueira, ligo pra alguém amiga. Acabei passando a maior parte do dia psicóloga.